A geopolítica não é só pra essas potências ocidentais.
Bem mais do que Washington e Hollywood, o cinema mostra disputas de poder, identidade e soberania sob outras óticas: asiáticas, africanas, latinas e européias.
Esses filmes ajudam a ver um mundo multipolar, onde o cinema é diplomacia cultural também.
A seguir, uma seleção de 10 produções fundamentais para quem deseja compreender a política internacional fora do eixo tradicional.

Leviatã (Левиафан) — Rússia, 2014
Direção: Andrey Zvyagintsev
Um dos filmes mais potentes sobre o autoritarismo e geopolítica contemporâneo. Inspirado em Hobbes, Leviatã retrata a corrupção e o poder do Estado russo diante do indivíduo.
É uma metáfora sombria sobre a relação entre poder, fé e dominação.

Lobo Guerreiro 2 (战狼2 / Wolf Warrior II) — China, 2017
Direção: Wu Jing
Símbolo da ascensão do cinema chinês e de seu novo nacionalismo, o filme se passa na África e mostra um herói chinês intervindo em uma zona de guerra.
Mais do que ação, é um manifesto da “diplomacia das narrativas” da China — apresentando-se como potência humanitária global.

O Profeta (Un prophète) — França, 2009
Direção: Jacques Audiard
Ambientado em uma prisão francesa, o longa acompanha a ascensão de um jovem árabe em meio a facções étnicas.
O enredo funciona como microcosmo do choque cultural e pós-colonial que ainda marca a Europa contemporânea.

The Kashmir Files — Índia, 2022
Direção: Vivek Agnihotri
Controverso e politicamente intenso, o filme revisita o conflito da Caxemira a partir de uma perspectiva nacionalista hindu.
É um exemplo claro de como o cinema também é usado como instrumento de disputa ideológica e legitimação de narrativas estatais.

O Vento nos Levará (The Wind Will Carry Us / باد ما را خواهد برد) — Irã, 1999
Direção: Abbas Kiarostami
Sutil e poético, Kiarostami oferece um olhar crítico sobre a modernidade e o olhar ocidental sobre o Irã.
Mais que um drama, é uma reflexão sobre a relação entre centro e periferia na produção do conhecimento e da imagem.

Hotel Ruanda (Hotel Rwanda) — Reino Unido / África do Sul / Itália, 2004
Direção: Terry George
Inspirado em fatos reais, retrata o genocídio de 1994 e a omissão da comunidade internacional.
É um dos filmes mais impactantes sobre a responsabilidade global e os limites da intervenção humanitária.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias — Brasil, 2006
Direção: Cao Hamburger
Durante a ditadura militar brasileira, uma criança se vê separada dos pais militantes.
A história íntima e política reflete o peso da Guerra Fria na América Latina e a repressão como instrumento geopolítico.

JSA – Joint Security Area (공동경비구역 JSA) — Coreia do Sul, 2000
Direção: Park Chan-wook
Um suspense ambientado na fronteira entre as Coreias.
Mais que um thriller militar, o filme é um retrato humano da divisão ideológica e do trauma nacional que ainda define a península coreana.

Roma — México, 2018
Direção: Alfonso Cuarón
Ambientado na Cidade do México dos anos 1970, o filme mistura o pessoal e o político, retratando desigualdades estruturais e memórias coloniais.
É uma leitura visual da hierarquia racial e social latino-americana.

Fauda (فوضى / פאודה) — Israel / Palestina, 2015
Série (Netflix)
Produção bilíngue, criada por israelenses e palestinos, que humaniza ambos os lados do conflito.
Fauda mostra como a guerra assimétrica e a ocupação moldam as vidas de civis e soldados em um dos territórios mais tensos do planeta.
Essas produções deslocam o olhar do espectador e desafiam a narrativa ocidental dominante.
Ao apresentar histórias locais com alcance global, revelam que a geopolítica também se faz pela cultura — nas telas, nas línguas e nas memórias.

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