O que é distopia?
Distopia é um termo utilizado para descrever uma sociedade imaginária onde as condições de vida são deploráveis devido à tirania, opressão, desastres ou outras características negativas que dominam o ambiente.
Distopias são narrativas que imaginam sociedades piores que a nossa para criticar escolhas políticas, tecnológicas e morais do presente. No cinema e na TV, o gênero costuma reunir: controle social, vigilância, supressão de emoções/individualidade e a tensão indivíduo × regime — traços já clássicos desde We (Zamiátin) a 1984 (Orwell). Essa gramática evoluiu, mas a função continua: alerta e debate público.


Conteúdo
1. The Handmaid’s Tale (série, 2017– )

Baseada no romance de Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale retrata a República de Gilead — um regime teocrático onde as mulheres férteis são escravizadas como “aias” para procriação.
A narrativa acompanha Offred, que tenta sobreviver e resistir em meio à brutalidade institucional.
Mais do que uma ficção, a série funciona como metáfora contemporânea sobre autoritarismo moral, controle do corpo e manipulação religiosa do poder, ecoando debates reais sobre direitos reprodutivos e políticas patriarcais.
2. Equilibrium (filme, 2002)

Em uma sociedade futurista que aboliu as emoções para eliminar conflitos, todos são obrigados a usar drogas que suprimem sentimentos.
O agente John Preston (Christian Bale), responsável por punir “infratores emocionais”, começa a sentir — e a questionar o sistema.
O filme combina ação estilizada com reflexão filosófica, explorando a perda da empatia como preço da paz e a frieza tecnocrática como forma extrema de controle social.
3. Elysium (filme, 2013)

Dirigido por Neill Blomkamp, Elysium mostra um planeta Terra devastado e uma elite vivendo em uma estação espacial luxuosa, isolada da miséria terrestre.
Matt Damon interpreta um operário que tenta chegar a Elysium em busca de cura e igualdade.
Com forte crítica visual, o filme questiona a segregação espacial, o privilégio tecnológico e a naturalização da desigualdade global — um retrato do apartheid contemporâneo entre Norte e Sul.
4. Idiocracy (filme, 2006)

O homem médio Joe é congelado e acorda 500 anos no futuro — em uma sociedade dominada pela ignorância, consumo e culto à estupidez.
O que era sátira virou quase documentário.
Idiocracy ironiza o declínio da razão e o triunfo da mediocridade, expondo a cultura do entretenimento vazio e o anti-intelectualismo como ameaças reais à democracia.
5. Interestelar (filme, 2014)

De Christopher Nolan, Interestelar une drama humano e física quântica numa jornada pela sobrevivência da espécie.
Com a Terra morrendo, astronautas partem para buscar um novo lar através de um buraco de minhoca.
O filme eleva a ficção científica a uma parábola sobre tempo, amor, sacrifício e a obstinação humana de compreender o universo, colocando a ciência como último ato de fé.
6. Tempestade – Planeta em Fúria (filme, 2017)

Quando satélites projetados para controlar o clima entram em colapso, o planeta mergulha em catástrofes meteorológicas globais.
O longa mistura ação e ficção científica para discutir a arrogância tecnológica e os limites éticos do “controle da natureza”.
Sob o espetáculo de destruição, há um alerta direto: a crise climática não é ficção — é a distopia que já começou.
7. 2067 (filme, 2020)

Em um futuro onde o oxigênio se tornou o bem mais precioso, um jovem técnico é enviado ao passado para encontrar uma solução para a extinção humana.
Ao cruzar o tempo, descobre que a destruição do planeta foi uma escolha — não um acidente.
2067 combina estética sombria e mensagem urgente sobre responsabilidade intergeracional, sustentabilidade e a ilusão da salvação tecnológica.
8. 1984 (filme, 1984)
Baseado na obra-prima de George Orwell, 1984 retrata um Estado totalitário onde o “Grande Irmão” observa tudo e o pensamento livre é crime.
Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade, começa a questionar a manipulação da história e a ausência de liberdade.
O filme é uma metáfora permanente sobre vigilância, censura e o poder da linguagem como instrumento de dominação — um espelho perturbador de práticas políticas contemporâneas.
9. Blade Runner (filme, 1982)
No futuro sombrio de Los Angeles, caçadores de androides perseguem replicantes — seres artificiais quase humanos.
O detetive Deckard (Harrison Ford) enfrenta a pergunta que define o gênero: o que nos torna humanos?
Com estética noir e questionamentos filosóficos, Blade Runner é uma reflexão sobre identidade, memória e desumanização tecnológica, antecipando dilemas éticos da IA e da biotecnologia.
10. Mad Max: Estrada da Fúria (filme, 2015)
Num deserto pós-apocalíptico governado por um tirano, Max e Furiosa unem forças para libertar mulheres escravizadas.
Com ritmo frenético e visual caótico, o filme de George Miller é um tratado sobre recursos, corpo e poder, em que cada gota d’água é uma moeda política.
Mais que ação, é uma distopia ecológica e feminista, onde a sobrevivência se confunde com redenção.
11. Jogos Vorazes (filme, 2012)
Em uma nação dividida em distritos, jovens são forçados a lutar até a morte em jogos televisionados.
Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) desafia o regime ao tornar-se símbolo de esperança.
A saga é uma parábola sobre autoritarismo, espetacularização da violência e resistência simbólica — um retrato contundente da manipulação midiática e da política do medo.
12. Children of Men (filme, 2006)
A humanidade tornou-se infértil, e o mundo mergulhou em desespero.
Quando surge uma mulher grávida, um homem comum se torna guardião da última esperança.
Dirigido por Alfonso Cuarón, o filme é um manifesto cinematográfico sobre migração, securitização e o colapso moral do Ocidente, combinando realismo brutal e transcendência.
13. O Conto da Aia (filme, 1990)
Antes da consagrada série, The Handmaid’s Tale já havia ganhado esta adaptação cinematográfica.
Com roteiro de Harold Pinter, o longa explora a distopia de Gilead de forma mais simbólica e menos visualmente opressora.
Mesmo datado, continua atual por sua crítica à teocracia, misoginia institucional e domesticação do corpo feminino — um prenúncio das distopias de gênero do século XXI.
14. Divergente (filme, 2014)
Em uma sociedade que divide cidadãos por virtudes — coragem, altruísmo, sabedoria, etc. —, os “divergentes” ameaçam a ordem.
Tris (Shailene Woodley) descobre que é diferente e precisa escolher entre obedecer ou lutar.
A trilogia Divergente traduz, em linguagem juvenil, as tensões entre conformismo e individualidade, oferecendo uma leitura leve, mas politicamente reveladora sobre controle social e identidade.
15. V de Vingança (filme, 2005)
Em uma Inglaterra futurista governada por um regime totalitário, um vigilante mascarado conhecido como V inicia uma revolução contra o Estado.
Com referências literárias e históricas, o filme questiona o medo como instrumento de poder.
É uma poderosa reflexão sobre terrorismo, liberdade e memória coletiva, mostrando como símbolos podem se tornar armas políticas mais duradouras que balas.
16. O Hospedeiro (The Host, filme, 2006)
Dirigido por Bong Joon-ho, o mesmo de Parasita, o filme coreano mistura ficção científica, drama e sátira política.
Após um despejo químico em um rio de Seul, surge uma criatura monstruosa que simboliza a negligência ambiental e a cumplicidade do poder público.
Sob o terror grotesco, há uma crítica contundente à militarização, corrupção e alienação urbana.
Mais que um monstro, o inimigo é a indiferença humana.
17. Snowpiercer (filme, 2013)
Após um fracasso climático que congelou a Terra, os últimos humanos vivem em um trem que circula eternamente.
Cada vagão representa uma classe social — do luxo à miséria.
O filme, também dirigido por Bong Joon-ho, é uma alegoria feroz sobre capitalismo, hierarquia e revolução, onde a locomotiva é a metáfora final da civilização: sempre em movimento, mas sem destino.
18. 3% (série brasileira, 2016–2020)
Primeira série brasileira original da Netflix, 3% apresenta um futuro dividido entre o “Continente” miserável e o “Maralto” privilegiado.
Apenas 3% da população passa por um processo seletivo brutal para ascender.
Com estética minimalista e argumento afiado, a série analisa meritocracia, desigualdade e poder simbólico, projetando no futuro os dilemas sociais do Brasil contemporâneo.
19. O Poço (The Platform, filme, 2019)
Em uma prisão vertical, os presos recebem comida em uma plataforma que desce andar por andar — os de cima comem, os de baixo morrem.
Simbólico e brutal, o filme espanhol de Galder Gaztelu-Urrutia expõe a desigualdade estrutural e o egoísmo como mecanismos de sobrevivência coletiva.
Um retrato cru do colapso ético quando o “sistema” se torna literal.
20. Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up, filme, 2021)
Dois astrônomos descobrem um cometa em rota de colisão com a Terra, mas ninguém parece se importar.
A comédia apocalíptica de Adam McKay é um espelho corrosivo do presente: negacionismo, fake news e o espetáculo da indiferença.
Entre risadas e desespero, o filme se torna uma parábola moderna sobre o fracasso coletivo em lidar com a verdade científica.