Uma pergunta comum e que recebemos sempre nas redes sociais: “Para fazer Relações Internacionais precisa saber inglês?”.
A minha resposta é não e sim. Os vestibulares em geral adotam em seus processos a disciplina de inglês, por isso o seu domínio ajudará a ganhar pontos importantes para a sua aprovação no vestibular.
Entretanto, os cursos em geral no Brasil são lecionados em português, com raríssimas exceções de termos algumas disciplinas em outro idioma, como inglês ou espanhol. Mas há uma curiosidade importante: a graduação consome muito literatura estrangeira, pois é uma disciplina dominada por instituições dos EUA e Inglaterra, por exemplo.
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Para Fazer Relações Internacionais Precisa Saber Inglês?
Grande parte do conteúdo acadêmico e das teorias em Relações Internacionais provém de países anglófonos, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Isso significa que muitos dos livros, artigos e estudos de caso que você encontrará durante o curso estarão em inglês. Embora existam programas de tradução, a compreensão direta dos textos na língua original proporciona uma interpretação mais precisa e profunda do conteúdo.
Quando você lê textos em sua língua original, especialmente em áreas como Relações Internacionais, pode captar nuances e contextos que muitas vezes se perdem na tradução. Termos específicos, conceitos teóricos e interpretações de políticas podem ter significados distintos, dependendo do contexto cultural e político do autor. Assim, dominar o inglês não só ajuda na leitura dos textos, mas também na compreensão mais ampla das ideias apresentadas.
O domínio do inglês também facilita o acesso a uma vasta gama de recursos acadêmicos de ponta. Muitas das publicações mais recentes e relevantes ainda não foram traduzidas para o português, e ter a habilidade de ler em inglês significa que você pode acompanhar as últimas tendências e debates no campo de Relações Internacionais sem ter que esperar por traduções, que muitas vezes podem demorar ou nem ocorrer. Isso é particularmente importante para quem busca se especializar ou seguir uma carreira acadêmica na área.
Exemplos de Leituras e Disciplinas Onde o Inglês é Essencial
- Teorias de Relações Internacionais
- Obras como “Theory of International Politics” de Kenneth Waltz e “The Tragedy of Great Power Politics” de John Mearsheimer são fundamentais para o estudo de Realismo em Relações Internacionais. Ler essas obras no original em inglês permite uma compreensão mais precisa das teorias propostas e dos argumentos dos autores.
- Política Externa Americana
- Livros como “American Foreign Policy: The Dynamics of Choice in the 21st Century” de Bruce Jentleson e artigos de revistas como Foreign Affairs ou The National Interest fornecem análises detalhadas e atualizadas da política externa dos Estados Unidos. Esses recursos são frequentemente utilizados em disciplinas que abordam a hegemonia americana, suas estratégias de segurança, e seu impacto global.
- Economia Política Internacional
- Textos como “Global Political Economy: Understanding the International Economic Order” de Robert Gilpin e “The Globalization of World Politics” de John Baylis e Steve Smith são leituras essenciais para quem estuda as relações entre economia e política no cenário internacional. Esses livros, amplamente utilizados em disciplinas de Economia Política Internacional, são quase sempre lidos em inglês devido à sua complexidade e à especificidade dos termos.
- Estudos de Segurança
- Em disciplinas que abordam temas de segurança internacional, livros como “Security: A New Framework for Analysis” de Barry Buzan, Ole Wæver e Jaap de Wilde são leitura obrigatória. A leitura em inglês permite que os estudantes entendam melhor os conceitos e as teorias emergentes sobre segurança, que muitas vezes são complexas e multidimensionais.
- Direitos Humanos e Direito Internacional
- Livros e artigos em inglês são indispensáveis para o estudo de Direitos Humanos e Direito Internacional. Por exemplo, “International Human Rights Law” de Malcolm Evans e “The Law of Peoples” de John Rawls são obras que frequentemente aparecem nos currículos de cursos voltados para essas áreas. Ler esses textos em inglês proporciona acesso direto aos debates mais recentes e às interpretações jurídicas que ainda não foram traduzidas.
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O inglês não é apenas uma habilidade adicional em Relações Internacionais; é uma ferramenta essencial para acessar o melhor da produção acadêmica. Seja para estudar teorias, analisar políticas externas ou compreender o direito internacional, o domínio do inglês amplia suas capacidades de aprendizado e permite que você se mantenha atualizado com as mais recentes publicações e debates. Por isso, investir no aprendizado e aperfeiçoamento desse idioma é uma decisão estratégica para qualquer estudante ou profissional na área de Relações Internacionais.
Outros Idiomas Importantes e Suas Áreas de Relevância
Além do inglês, há outros idiomas que desempenham papéis cruciais em diferentes regiões e contextos globais. Conhecê-los pode ser um diferencial significativo na carreira de um profissional de Relações Internacionais e ampliar as possibilidades de estudos, com acesso a publicações originais e debates importantes.
- Francês
- Área de Importância: Francofonia, África, Europa, Diplomacia Internacional
- Relevância: O francês é uma língua oficial em muitas organizações internacionais, como a ONU, a União Europeia e a OTAN. Além disso, é amplamente falado em vários países africanos, muitos dos quais têm laços históricos e diplomáticos com a França. Dominar o francês pode ser fundamental para quem deseja trabalhar em diplomacia, cooperação internacional ou em regiões da África e da Europa onde o idioma é amplamente falado.
- Espanhol
- Área de Importância: América Latina, Espanha, Cooperação Regional, Comércio Internacional
- Relevância: O espanhol é a língua oficial em 20 países, incluindo muitos dos principais parceiros comerciais e diplomáticos do Brasil na América Latina. Além disso, é a segunda língua mais falada no mundo em termos de falantes nativos. Dominar o espanhol é essencial para profissionais que desejam trabalhar em cooperação regional, organizações internacionais que atuam na América Latina, e em negociações comerciais bilaterais ou multilaterais com países de língua espanhola. O espanhol também é fundamental para o entendimento e participação em discussões políticas, econômicas e culturais que afetam a região ibero-americana, facilitando o acesso a um vasto acervo de literatura, pesquisa acadêmica e políticas públicas desenvolvidas na língua.
- Chinês (Mandarim)
- Área de Importância: Ásia, Comércio Internacional, Diplomacia
- Relevância: Com a crescente influência da China no cenário global, o mandarim tornou-se um idioma de grande importância em áreas como comércio exterior, negociações diplomáticas e estudos regionais sobre a Ásia. A fluência em mandarim pode abrir oportunidades em empresas multinacionais, organismos internacionais e em áreas de pesquisa relacionadas à política e economia chinesas.
- Árabe
- Área de Importância: Oriente Médio, Diplomacia, Energia
- Relevância: O árabe é falado em vários países do Oriente Médio e Norte da África, uma região de grande importância estratégica devido a questões de segurança, energia (petróleo e gás) e geopolítica. Profissionais com conhecimento de árabe podem atuar em negociações internacionais, missões diplomáticas e estudos sobre o mundo árabe e islâmico.
- Russo
- Área de Importância: Europa Oriental, Ásia Central, Diplomacia, Segurança Internacional
- Relevância: O russo é uma língua chave para quem deseja entender a política e a segurança internacional na Europa Oriental e na Ásia Central. Com a Rússia desempenhando um papel central em questões de segurança global, desde o controle de armas até conflitos regionais, o conhecimento do russo é essencial para especialistas que desejam trabalhar em diplomacia, segurança internacional e estudos sobre a Eurásia.
- Alemão
- Área de Importância: Europa, Economia, Ciência e Tecnologia
- Relevância: O alemão é a língua mais falada na União Europeia e é essencial para aqueles que pretendem trabalhar em organizações europeias, comércio internacional e inovação tecnológica. A Alemanha é uma potência econômica e científica, e o domínio do alemão pode facilitar o acesso a oportunidades em cooperação internacional, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
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Melhorando a Fluência em Inglês Durante o Curso
Se você ainda não possui fluência em inglês ao iniciar a graduação, não se preocupe. Muitas instituições oferecem cursos de inglês ou parcerias com escolas de idiomas para ajudar os alunos a desenvolverem suas habilidades linguísticas ao longo do curso. Aproveitar essas oportunidades é crucial para garantir um melhor desempenho acadêmico e, futuramente, profissional.Em resumo, não é obrigatório saber inglês para iniciar seus estudos em Relações Internacionais, mas o domínio desse idioma é altamente benéfico e, em muitos casos, necessário para acessar os melhores recursos e oportunidades na área.
Além disso, investir no aprendizado de outros idiomas, como o espanhol, pode enriquecer ainda mais sua formação e abrir novas possibilidades profissionais. Portanto, ao longo da sua jornada acadêmica, busque sempre aprimorar suas habilidades linguísticas, pois elas serão um diferencial importante na sua carreira em Relações Internacionais.