Os livros clássicos das Relações Internacionais são verdadeiros tesouros literários que transcendem o tempo e que continuam a desempenhar um papel fundamental na nossa sociedade contemporânea e para a disciplina de Relações Internacioais.
Inclusive, são dois tipos de obras clássicas: as de outras disciplinas, como da filosofia política e da economia, que trazem elementos impontares para a composição das Relações Internacionais, e as obras que são originárias, a base do pensamento da Ciência das Relações Internacionais.
As Relações Internacionais são um mosaico complexo de teorias, práticas e histórias que desafiam constantemente nossa compreensão do mundo. Para navegar por este território vasto, é essencial recorrer às raízes do pensamento humano, onde clássicos da literatura, filosofia e ciência política servem como faróis.
Estas obras não apenas iluminam os caminhos tortuosos da política global, mas também oferecem reflexões profundas sobre a natureza humana, o poder, a justiça e a economia. Permita-me guiá-lo numa jornada intelectual, explorando como essas obras-primas moldam nossa compreensão das Relações Internacionais.
Livros Clássicos das Relações Internacionais – Fundamentos vindos de Outras Disciplinas
A Arte da Guerra e a Estratégia Política
Sun Tzu, em “A Arte da Guerra“, destilou a essência da estratégia militar em princípios atemporais que transcendem o campo de batalha. “Conhece a ti mesmo, conhece o teu inimigo, e em cem batalhas nunca estarás em perigo.” Este conselho ressoa profundamente nas RI, enfatizando a importância da inteligência, da previsão e da estratégia nas relações entre nações.
A Ordem Social Segundo Hobbes
Thomas Hobbes, em “O Leviatã“, apresenta uma perspectiva sombria da condição humana, argumentando que, na ausência de um poder soberano, reina a anarquia e a violência. “A vida do homem, solitária, pobre, desagradável, bruta e curta.” Hobbes nos lembra da necessidade de estruturas e instituições internacionais fortes para manter a paz e a ordem global.
Tucídides e o Realismo nas Relações Internacionais
A análise de Tucídides sobre “A Guerra do Peloponeso” revela a perenidade do poder e do interesse próprio na política entre estados. Sua observação de que a guerra foi inevitável, à medida que o crescimento do poder de Atenas instigou o medo em Esparta, ecoa na realidade das relações de poder contemporâneas e na busca constante por equilíbrio e segurança.
Adam Smith e a Interdependência Econômica
“A Riqueza das Nações“, de Adam Smith, lançou as bases do liberalismo econômico, argumentando que a liberdade individual e o livre mercado conduzem à prosperidade. “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração deles pelo próprio interesse.” Smith nos ensina a importância da cooperação e do comércio internacional para a paz e a prosperidade globais.
Platão, Justiça e o Ideal Político
Em “A República“, Platão nos convida a refletir sobre a justiça e a organização ideal da sociedade. Através da alegoria da caverna, ele nos desafia a questionar as aparências e a buscar uma compreensão mais profunda da verdade e da justiça. Este diálogo é fundamental para as RI, ao considerarmos as ideologias e os princípios que orientam as políticas globais.
John Stuart Mill e a Liberdade
“Sobre a Liberdade“, de John Stuart Mill, é um tratado apaixonado em defesa das liberdades individuais, essencial em uma era de crescente autoritarismo e restrições à liberdade de expressão. “O único propósito pelo qual o poder pode ser exercido com razão sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é para prevenir dano aos outros.” A mensagem de Mill é um lembrete da importância de proteger as liberdades fundamentais e promover a democracia.
Se pretende ser um analista de Relações Internacionais, é recomendável a leitura dos livros clássicos das Relações Internacionais. Se você cursa ou cursou, certamente já leu algumas das obras que selecionamos.
O Capital – Karl Marx
“O Capital” de Karl Marx, publicado em várias partes a partir de 1867, oferece uma crítica ao capitalismo e uma análise detalhada de sua dinâmica econômica. Marx argumenta que as relações de produção capitalistas levam à exploração dos trabalhadores e à concentração de riqueza, o que eventualmente conduziria a conflitos sociais e à revolução. Esta obra é crucial para estudantes de RI interessados nas teorias críticas, na economia política internacional e nas questões de desigualdade e justiça social.
A Democracia na América – Alexis de Tocqueville
Em sua obra “A Democracia na América”, Alexis de Tocqueville oferece uma análise profunda da sociedade americana e seu sistema político no início do século XIX. Tocqueville examina a igualdade de condições, o federalismo, o papel da religião na vida pública, e os perigos potenciais para a liberdade individual em uma democracia. Suas observações fornecem insights valiosos sobre a governança democrática, a cultura política e o papel da sociedade civil, relevantes para as RI e o estudo da democratização e do desenvolvimento político global.
O Príncipe – Nicolau Maquiavel
Em “O Príncipe”, publicado em 1532, Maquiavel explora a arte e a ciência do governo, enfatizando a necessidade de pragmatismo, realismo e a disposição de fazer o que for necessário para manter o poder e a estabilidade. A obra é uma leitura fundamental para entender as estratégias de poder, diplomacia e a lógica por trás das decisões políticas nas RI.
Livros Clássicos das Relações Internacionais
Os livros que listei na primeira parte, como O Príncipe e a Guerra do Peloponeso, não são Obras de Relações Internacionais, são contribuições ao pensamento político, social, econômico e filosófico que vão repercutir em diferentes ciências, como na Economia, no Direito e nas Relações Internacionais.
Agora listo as obras que são tidas como “genuinamente” de Relações Internacionais, são obras que consolidaram a existência de uma nova Ciência, que é fruto da evolução humana, que se organiza em Estados e que interagem em um sistema internacional de Estados soberanos.
Vamos aos clássicos?
A Sociedade Anárquica – Hedley Bull
“A Sociedade Anárquica” é um livro escrito por Hedley Bull que explora a natureza da ordem internacional. Bull argumenta que o sistema internacional é caracterizado por uma anarquia, onde não existe uma autoridade central. Ele discute três formas de ordem internacional: a hierarquia, a sociedade internacional e a sociedade mundial. Bull destaca a importância das normas e das relações sociais na manutenção da ordem internacional e argumenta que a anarquia não leva necessariamente ao caos, mas pode ser moldada por atores estatais e não estatais em busca de interesses comuns. Seu trabalho influenciou significativamente o campo da teoria das relações internacionais.
Vinte anos de Crise – E.H. Carr
“Vinte Anos de Crise” é uma obra escrita por E.H. Carr que analisa as causas e as consequências da crise do período entre as duas guerras mundiais. Carr argumenta que a busca pela segurança e pelo poder das nações levou a um sistema internacional instável e ao fracasso da Liga das Nações em evitar a Segunda Guerra Mundial. Ele propõe uma abordagem realista das relações internacionais, enfatizando o papel do poder e dos interesses nacionais. O livro é uma crítica à idealização da paz e à crença no direito internacional como soluções para os conflitos internacionais.
A Política entre as Nações – Hans Morgenthau
“A Política entre as Nações”, escrito por Hans Morgenthau, é uma obra seminal da teoria das relações internacionais. O autor argumenta que a política internacional é moldada pelo poder e pelos interesses nacionais, enfatizando a importância do realismo político. Morgenthau explora a natureza do poder, a luta pelo equilíbrio de poder e a necessidade de pragmatismo na política externa. Seu livro influenciou profundamente o pensamento político e as análises das relações internacionais ao longo do século XX.
Teoria das Relações Internacionais – Kenneth Waltz
O livro “Teoria das Relações Internacionais” de Kenneth Waltz apresenta a teoria do neorrealismo ou realismo estrutural nas relações internacionais. Waltz argumenta que o sistema internacional é moldado principalmente pela estrutura do sistema, e não tanto pelas características específicas dos atores estatais. Ele enfatiza a importância da anarquia internacional, do equilíbrio de poder e das consequências da distribuição de poder entre as nações. A obra é fundamental para compreender as dinâmicas das relações internacionais sob uma perspectiva estruturalista e sistêmica.
A Grande Ilusão – Norman Angell
O livro “Teoria das Relações Internacionais” de Kenneth Waltz apresenta a teoria do neorrealismo ou realismo estrutural nas relações internacionais. Waltz argumenta que o sistema internacional é moldado principalmente pela estrutura do sistema, e não tanto pelas características específicas dos atores estatais. Ele enfatiza a importância da anarquia internacional, do equilíbrio de poder e das consequências da distribuição de poder entre as nações. A obra é fundamental para compreender as dinâmicas das relações internacionais sob uma perspectiva estruturalista e sistêmica.
Poder e Interdependência – Robert Keohane e Joseph Nye
“Poder e Interdependência” de Robert Keohane e Joseph Nye é um livro que introduz a teoria da interdependência complexa nas relações internacionais. Os autores argumentam que o sistema internacional não é apenas caracterizado pela competição de poder, mas também pela crescente interconexão e interdependência entre as nações. Eles destacam a influência das instituições internacionais e das normas na cooperação entre os estados, desafiando as visões tradicionais de relações internacionais baseadas apenas no poder. O livro contribuiu para o desenvolvimento da teoria liberal nas relações internacionais.
Teoria Social da Política Internacional – Alexander Wendt
A “Teoria Social da Política Internacional” de Alexander Wendt argumenta que as relações internacionais são moldadas pelas ideias e pelas percepções dos atores estatais. Wendt desafia o realismo e o construtivismo, afirmando que as identidades e as interações sociais são cruciais para entender a política internacional. Ele enfatiza que a anarquia internacional pode ser interpretada de maneiras diferentes, dependendo das crenças dos atores, e que as normas e os discursos desempenham um papel fundamental na formação do comportamento dos estados. A obra contribui para uma compreensão mais ampla das dinâmicas das relações internacionais.
Conclusão sobre Livros clássicos das Relações Internacionais
Primeiro, entender as origens da teoria e do pensamento de uma disciplina fundamental. São obras que precisam ser compreendidas como contribuições ao pensamento e à teoria das Relações Internacionais.
Você pode ter suas preferências políticas, e até mesmo por isso, você deve ser um conhecedor dos debates científicos das Relações Internacionais. São comuns nas disciplinas e com as Relações Internacionais não é diferente, há discussões teóricas acaloradas. Há e existiram importantes debates e que só aconteceram e acontecerão pois os estudiosos de diferentes correntes de pensamento estão dispostos a entender as diferentes perspectivas.
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