Negociações Internacionais: Guia Completo do Negociador 2024

Negociações Internacionais: Guia Completo do Negociador 2024

Uma das principais atividades para os profissionais de Relações Internacionais, em particular, e para todos que desenvolvem seus negócios internacionais, como economistas, políticos, empresários, administradores, entre outros, é estar preparado para negociar.

As negociações são diferentes, não é como estamos habituados em nossos países. Por isso, preparei um guia completo para que você também possa entender o que são e como pode trabalhar com negociações internacionais com segurança.

O que são Negociações Internacionais?

Gosto sempre de começar com o conceito, com o “para que serve”. Pois, por mais simples que possa parecer, há elementos importantes que não podem passar desapercebido. tudo bem? Vamos lá!

As negociações internacionais podem sem descritas como um campo dinâmico e multifacetado, que abrange desde vai desde acordos empresariais até tratados entre Estados negociando um acordo de paz.

Há de entender as negociações internacionais como arte e a ciência, há um aspecto humano muito forte e ao mesmo tempo requer um amplo domínio do assunto tratado, dos riscos envolvidos. A final, tratamos aqui de acordos entre partes de diferentes países, com objetivos, culturas e interesses que podem ser diferentes. Na era da globalização, compreender as nuances dessas negociações é crucial para profissionais que buscam se destacar no cenário internacional.

Você pode ser um bom negociador em seu país, na sua cidade. Você conhece as tradições, a cultura, o clima político, a estrutura econômica, as instituições e até as pessoas muito bem.

Mas as negociações internacionais distinguem-se das negociações tradicionais principalmente pelo seu alcance e complexidade. Enquanto as negociações que estamos acostumados se dão dentro dos limites de um único país, as negociações internacionais transcendem fronteiras nacionais, reunindo partes de diferentes países, cada uma trazendo sua própria perspectiva cultural, legal e econômica para a mesa de negociação.

Negociações Internacionais

Globalização e Negociações Internacionais

O mundo mudou muito nos últimos 50 anos, surgiu o fenômeno da globalização. Com ela, nasce a interconexão econômica. Mercados se abrem cada vez mais para outros, as cadeias produtivas são transnacionais. Com isso, as empresas buscam expandir suas operações e acessar novos mercados, enquanto governos procuram fortalecer alianças e promover a paz e o desenvolvimento econômico. Esse intercâmbio global não é apenas uma questão de oportunidade, mas uma necessidade para a sobrevivência e crescimento em um mercado cada vez mais competitivo e interdependente.

Negociações [Tradicionais] e Negociações Internacionais

Uma das principais diferenças entre as negociações internacionais e as tradicionais é a complexidade cultural. Negociadores internacionais precisam ter uma compreensão profunda das nuances culturais que influenciam a tomada de decisão e a comunicação. Além disso, as diferenças nos sistemas legais e regulatórios apresentam desafios únicos, exigindo que as partes negociem não apenas os termos do acordo, mas também o quadro legal em que esse acordo será implementado.

Outro aspecto distintivo é a geopolítica. Negociações entre estados ou empresas multinacionais muitas vezes são influenciadas por considerações políticas e econômicas globais, tornando o processo ainda mais complexo e estratégico.

Planejamento Estratégico em Negociações Internacionais: 5 Técnicas Essenciais

No ambiente globalizado dos negócios contemporâneos, dominar as negociações internacionais é crucial para o avanço e a sustentabilidade empresarial. Diferentemente das negociações locais, as internacionais impõem desafios complexos, exigindo uma preparação minuciosa e estratégica. Abaixo, destacamos cinco técnicas essenciais que preparam sua empresa para enfrentar esses desafios e aproveitar ao máximo as oportunidades do mercado global.

1. Definição Clara de Objetivos e Necessidades

Antes de mergulhar nas negociações, é vital ter clareza sobre seus objetivos. Determine o que é negociável e o que é inegociável, estabelecendo limites claros. Entender suas necessidades reais orienta as decisões e mantém a negociação alinhada aos seus interesses estratégicos.

2. Conhecimento Aprofundado do Mercado-alvo

Conhecer o novo mercado não é apenas uma vantagem – é uma necessidade. Estude profundamente a cultura, as práticas comerciais, as tendências de consumo e as dinâmicas econômicas do país. Este conhecimento permite adaptar suas ofertas e estratégias de negociação para se alinhar com as expectativas locais e maximizar o apelo ao mercado.

3. Compreensão das Questões Legais e Tributárias

A legislação e a regulamentação fiscal são áreas críticas em negociações internacionais. Adquira conhecimento sobre as leis relevantes, os acordos comerciais e os procedimentos de importação/exportação. Estar bem informado minimiza o risco de violações legais e otimiza sua estratégia fiscal e alfandegária.

4. Due Diligence dos Parceiros de Negócios

Investigue a fundo os potenciais parceiros. A due diligence deve abranger a análise da solidez financeira, do histórico empresarial e da reputação no mercado. Uma avaliação completa auxilia na escolha de parceiros confiáveis e na construção de relações comerciais duradouras.

5. Análise de Tendências de Mercado e Identificação de Oportunidades

Avalie tendências históricas e atuais para identificar oportunidades de mercado emergentes. Entender onde a demanda está crescendo e antecipar mudanças no cenário comercial pode posicionar sua empresa à frente da concorrência e permitir que você adapte suas estratégias para capturar novos nichos de mercado.

Ao implementar essas cinco técnicas de planejamento, sua empresa estará equipada para lidar com as complexidades das negociações internacionais e para se posicionar estrategicamente no mercado global.

Técnicas de PlanejamentoDescrição
Definição de ObjetivosEstabeleça metas claras e entenda suas necessidades para manter o foco e alinhar a negociação com seus interesses estratégicos.
Conhecimento do MercadoEstude o mercado-alvo em profundidade, compreendendo a cultura, as práticas comerciais e as tendências de consumo.
Questões Legais e TributáriasInforme-se sobre as leis, os regulamentos e os procedimentos tributários e aduaneiros que impactarão sua negociação.
Due Diligence de ParceirosRealize uma avaliação abrangente dos parceiros de negócios potenciais para garantir relações comerciais confiáveis.
Análise de TendênciasMonitore as tendências de mercado e identifique oportunidades emergentes para ajustar sua estratégia de negociação.

Implementando estas técnicas, sua empresa não só se prepara para as negociações internacionais mas também se fortalece para o sucesso contínuo no cenário global.

Entender a dinâmica das negociações internacionais é crucial para qualquer profissional envolvido em relações internacionais, comércio exterior, direito internacional, entre outros. O sucesso nestas negociações não depende apenas da habilidade de persuasão ou da força da posição negociadora, mas também do entendimento profundo das complexidades envolvidas e da capacidade de navegar por elas de forma eficaz.

Negociações Internacionais: diversidade cultural

Cultura e Negociações Internacionais

Antes, você não se preocupara com a cultura, com o idioma, com o câmbio, negociar com seu vizinho não envolve pensar as diferenças culturais, exceto em poucos casos.

Para compreender as diferenças culturais, é recomendado o estudo de Hofstede sobre as dimensões culturais e como elas lidam com importantes aspectos da vida, como as relações de poder, os riscos futuros, a masculinidade, etc.

O modelo de dimensões culturais de Geert Hofstede é um framework amplamente reconhecido que analisa as culturas através de diferentes prismas, ajudando a compreender como os valores culturais influenciam o comportamento humano, especialmente no contexto das negociações internacionais e da gestão intercultural. Hofstede identificou inicialmente quatro dimensões (posteriormente expandiu para seis) para descrever as culturas:

  1. Distância do Poder (DP): Mede até que ponto membros menos poderosos de organizações e instituições (como a família) aceitam e esperam que o poder seja distribuído de maneira desigual.
  2. Individualismo versus Coletivismo (IDV): Refere-se à extensão em que as pessoas são esperadas para cuidar de si mesmas e de suas famílias imediatas ou, alternativamente, em que estão integradas em grupos coesos.
  3. Masculinidade versus Feminilidade (MAS): Explora a distribuição de papéis entre os gêneros, sendo a masculinidade caracterizada pela competitividade, ambição e acumulação de riqueza, e a feminilidade pela cooperação, modéstia e cuidado com a qualidade de vida.
  4. Evitação da Incerteza (EI): Mede o grau de conforto dos membros da sociedade com a incerteza e a ambiguidade, indicando até que ponto uma cultura programa seus membros para se sentirem desconfortáveis ou confortáveis em situações não estruturadas.
  5. Orientação de Longo Prazo versus Orientação de Curto Prazo (LTO): Esta dimensão descreve até que ponto as pessoas demonstram uma orientação pragmática para o futuro, prontidão para adiar gratificações de curto prazo em favor de benefícios de longo prazo.
  6. Indulgência versus Restrição (IND): Reflete a extensão em que as sociedades permitem a gratificação relativamente livre dos desejos humanos básicos relacionados a desfrutar da vida e se divertir.

Tabela Exemplificando as Dimensões Culturais de Hofstede (Foco no Brasil)

DimensãoDescrição BreveBrasilExemplos de Outros Países
DP (Distância do Poder)Aceitação da desigualdade de poderAlto (69)China (80), Alemanha (35)
IDV (Individualismo vs. Coletivismo)Laços soltos vs. fortes entre indivíduosBaixo (38)EUA (91), Guatemala (6)
MAS (Masculinidade vs. Feminilidade)Valorização de conquistas vs. qualidade de vidaMédio (49)Japão (95), Suécia (5)
EI (Evitação da Incerteza)Conforto com a ambiguidade e incertezaAlto (76)Grécia (100), Singapura (8)
LTO (Orientação de Longo Prazo vs. Curto Prazo)Pragmatismo futuro vs. respeito por tradiçõesMédio (44)China (87), Paquistão (50)
IND (Indulgência vs. Restrição)Gratificação vs. controle dos desejosAlto (59)México (97), Egito (4)

Destaque para o Brasil:

  • Distância do Poder: O Brasil apresenta uma pontuação alta, indicando uma aceitação considerável da desigualdade hierárquica nas organizações e na sociedade.
  • Individualismo vs. Coletivismo: Com uma pontuação baixa, reflete uma sociedade que valoriza as relações estreitas e a responsabilidade coletiva, contrastando fortemente com sociedades altamente individualistas como os EUA.
  • Masculinidade vs. Feminilidade: O Brasil situa-se em um nível intermediário, o que sugere um equilíbrio entre os valores de competitividade e cooperação.
  • Evitação da Incerteza: Uma pontuação alta indica que a sociedade brasileira tem uma menor tolerância à incerteza, preferindo regras claras e a minimização da ambiguidade.
  • Orientação de Longo Prazo vs. Curto Prazo e Indulgência vs. Restrição: Pontuações médias nessas dimensões mostram um equilíbrio entre a valorização das tradições e o pragmatismo voltado para o futuro, bem como uma tendência para a gratificação dos desejos.

Este modelo de Hofstede oferece insights valiosos para entender como a cultura impacta as negociações, a comunicação e a gestão em um contexto global, destacando a importância de se adaptar e respeitar as diferenças culturais para alcançar resultados bem-sucedidos em ambientes internacionais.

Negociações Complexas e Escola Harvadiana

Vamos as práticas corretas adotas no campo das negociações internacionais. Se lançar ao campo internacional para promover negócios requer um estudo detalhado, requer entender a cultura, como vimos.

As negociações complexas ou ganha-ganha ou integrativas são fundamentais. Aprenda, domine ela. Vou trazer os fundamentos para você.

Escola Harvardiana de Negociações

A Escola Harvardiana de Negociações, também conhecida como negociação baseada em princípios ou negociação integrativa, é uma abordagem desenvolvida na década de 1980 por Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton no Programa de Negociação da Universidade de Harvard. Esta metodologia enfatiza a importância de separar as pessoas do problema, focar nos interesses em vez das posições, gerar opções de ganhos mútuos e insistir em critérios objetivos. Ao contrário das negociações posicionais, que muitas vezes resultam em um ganha-perde ou em um compromisso insatisfatório, a negociação baseada em princípios busca soluções criativas e benéficas para todas as partes envolvidas.

Quadro Comparativo: Escola Harvardiana vs. Negociações Posicionais

ElementoEscola Harvardiana (Negociação Baseada em Princípios)Negociações Posicionais
Abordagem às PessoasSepara as pessoas do problema, tratando cada parte com respeito e buscando entender suas emoções e percepções.Muitas vezes, as pessoas e o problema são interligados, o que pode levar a ataques pessoais e defesas.
FocoNos interesses subjacentes que motivam as posições das partes.Nas posições fixas declaradas pelas partes, o que pode levar a um impasse.
Geração de OpçõesEncoraja a inovação e a criação de múltiplas opções antes de decidir o que fazer, buscando soluções de ganhos mútuos.Geralmente limitada pela rigidez das posições, com pouca atenção a soluções criativas que beneficiem ambas as partes.
CritériosInsiste que o resultado seja baseado em algum padrão objetivo ou critério independente, evitando o embasamento em vontades pessoais.O resultado muitas vezes é baseado em quem tem mais poder, pressão ou habilidade de barganha, sem critérios objetivos.
ResultadoBusca resultados que satisfaçam os interesses de todas as partes, potencialmente criando valor adicional no processo.Muitas vezes resulta em um vencedor e um perdedor, ou em um compromisso que pode deixar ambas as partes insatisfeitas.

Principais Elementos da Escola Harvardiana

  1. Pessoas: Foco em tratar as partes de maneira justa e respeitosa, evitando que as emoções prejudiquem o processo de negociação.
  2. Interesses: Concentração nos interesses por trás das posições, o que permite identificar necessidades comuns e diferenças complementares.
  3. Opções: Desenvolvimento de uma variedade de possibilidades antes de decidir o que fazer, incentivando a criatividade e a busca por soluções que beneficiem todos os envolvidos.
  4. Critérios: Utilização de padrões objetivos e de justiça para orientar as decisões, garantindo que o acordo seja sustentável e percebido como justo.

Esta abordagem não apenas promove resultados mais satisfatórios para todas as partes, mas também contribui para a construção e manutenção de relações positivas a longo prazo. A escola harvardiana de negociações se diferencia das negociações posicionais pela sua capacidade de transformar conflitos adversariais em oportunidades colaborativas, enfatizando o respeito mútuo, a compreensão e a busca por um terreno comum.

Agora que entende bem os fundamentos, vale lembra-se de não esquecer nenhum elemento. Para facilitar a vida dos negociadores internacionais, é indicado a atenta leitura da matriz de negociações complexas.

Vamos a ela!

Matriz de Negociações Complexas

A matriz de negociações complexas apresentada é uma ferramenta que ajuda a identificar e trabalhar com os principais elementos envolvidos ao longo das diferentes etapas de uma negociação. Vamos detalhar cada um dos elementos e em seguida recriaremos a tabela com as explicações pertinentes.

Elementos da Matriz de Negociações Complexas

ElementosPreparaçãoCriação de ValorDistribuição de ValorImplementação
ContextoX
InteressesXX
OpçõesXX
PoderXXX
CogniçãoXXXX
RelacionamentoXXX
ConcessõesX
ConformidadeXX
PadrõesXX
TempoXX

Entenda cada um dos elementos

  • Contexto: Refere-se ao ambiente em que a negociação ocorre, incluindo fatores econômicos, políticos, sociais e culturais que podem afetar o processo e o resultado.
  1. Interesses: São as necessidades, desejos, preocupações e medos subjacentes que motivam as posições das partes envolvidas na negociação.
  2. Opções: Representam as várias possibilidades e alternativas que podem ser criadas e propostas durante a negociação para atender aos interesses das partes.
  3. Poder: É a capacidade de uma parte influenciar ou exercer controle sobre os resultados da negociação, através de recursos, autoridade ou habilidade de persuasão.
  4. Cognição: Envolve o processo de pensamento dos negociadores, incluindo como eles percebem a negociação, processam informações e tomam decisões.
  5. Relacionamento: Refere-se à forma como as partes interagem umas com as outras, a confiança mútua e o respeito desenvolvido ao longo do tempo.
  6. Concessões: São ajustes nas posições iniciais que as partes estão dispostas a fazer para alcançar um acordo.
  7. Conformidade: A tendência das partes de agir em acordo com as normas sociais ou as expectativas dos outros participantes da negociação.
  8. Padrões: Critérios objetivos ou benchmarks que podem ser usados para avaliar e comparar possíveis soluções durante a negociação.
  9. Tempo: O elemento temporal, que pode influenciar a negociação em termos de prazos, urgência e paciência das partes.

As Quatro Etapas

  1. Preparação: A fase inicial onde se coleta informações, se analisa o contexto e se define estratégias.
  2. Criação de Valor: O estágio de geração de opções e possibilidades que atendem aos interesses das partes.
  3. Distribuição de Valor: O processo de decidir como os recursos e benefícios serão compartilhados entre as partes.
  4. Implementação: A fase final onde os acordos são executados e as soluções são colocadas em prática.

Esta tabela adaptada ilustra como cada elemento desempenha um papel nas diferentes etapas de uma negociação complexa, destacando a importância de considerar cada aspecto para uma negociação bem-sucedida.

Existem diferentes formas de negociações, como negociações diretas, negociações via mediador, negociações via facilitador, negociações informais paralelas, dialogo entre múltiplas partes e outras. Entenda qual será o formato da negociações internacionais, sendo comum as negociações diretas (acordos bilaterais) e outras em formato multilaterais.

Agora que já conhece a estrutura básica das negociações internacionais, temos que pensar os aspectos quanto ao perfil dos negociadores e qual a disposição de negociar de cada uma das partes.

Perfis dos profissionais de Negociações Internacionais

A compreensão dos diferentes estilos de negociadores é essencial para o sucesso em uma negociação. Cada estilo reflete um conjunto único de motivações, comportamentos e métodos de comunicação. Reconhecer e adaptar-se a esses estilos pode facilitar um melhor entendimento entre as partes, permitindo que os negociadores ajustem suas abordagens para alcançar resultados mais efetivos e satisfatórios.

4 Estilos de Negociador

DimensõesCatalisadorApoiadorAnalíticoControlador
Necessidade dominanteReconhecimentoAssociaçãoSegurançaRealização
Metaprograma principalAssociadorExtrovertidoDissociadorIntrovertido
Gosta e valorizaSer notado, admirado e cumprimentos que recebeAtenção que recebe, ser aceito pelas pessoas, sentir-se queridoSegurança, perfeição, correção e maior garantiaResultados, cumprimento de metas, eficiência e controle

Comentários sobre os Perfis

Catalisador: Este perfil é movido pelo reconhecimento e valoriza a afirmação social. Geralmente, são pessoas que buscam ser o centro das atenções e são motivadas por elogios e validação. Na negociação, tendem a ser entusiasmados e persuasivos, o que pode ser útil para mobilizar outras pessoas e gerar energia positiva em torno de uma ideia ou proposta.

Apoiador: Os negociadores apoiadores prezam pela associação e pelos relacionamentos harmoniosos. São tipicamente extrovertidos, valorizam a interação social e querem ser bem-vistos e apreciados por seus pares. Eles podem ser excelentes em criar um ambiente amigável e colaborativo, o que é fundamental para negociações que requerem um alto grau de confiança e cooperação.

Analítico: Os analíticos são guiados pela necessidade de segurança e um forte desejo de evitar erros. Este tipo de negociador valoriza a precisão, a análise detalhada e a tomada de decisões baseada em fatos e dados concretos. Embora possam ser mais lentos no processo de tomada de decisão, eles trazem uma profundidade crítica para a negociação que pode minimizar riscos e garantir resultados sólidos e bem fundamentados.

Controlador: Este estilo é focado em alcançar metas e manter o controle. Negociadores controladores são geralmente introvertidos e concentrados em resultados. Eles buscam eficiência e têm um olhar aguçado para o cumprimento de objetivos. Embora possam ser percebidos como rígidos ou autoritários, sua clareza de propósito e sua determinação em alcançar resultados podem ser extremamente valiosos em situações de negociação onde o foco e a disciplina são necessários.

Entender esses perfis não só ajuda a prever e interpretar comportamentos durante a negociação, mas também permite a construção de estratégias que podem ser adaptadas para atender às necessidades e preferências dos diferentes estilos de negociadores, aumentando assim as chances de um resultado bem-sucedido.

Além de compreender o perfil do negociador, vale ressaltar que há um série de habilidade que são fundamentais e que você precisa se atentar quanto. Vou detalhar elas, assim fica mais fácil pensar o perfil que é esperado de um bom negociador.

Habilidade e Competências para ser um bom negociador

As habilidades esperadas de um bom negociador refletem tanto a capacidade cognitiva quanto as competências interpessoais necessárias para alcançar resultados eficazes e benéficos em um processo de negociação. Vamos detalhar cada uma dessas habilidades e em seguida recriar a tabela apresentada.

Lista das Características Mais Importantes de Negociadores Eficazes

  1. Capacidade de Planejamento: Refere-se à habilidade de estabelecer objetivos claros, desenvolver estratégias, antecipar desafios e considerar alternativas antes da negociação.
  2. Conhecimento do Assunto que está Negociando: Implica ter uma compreensão profunda do conteúdo da negociação, incluindo detalhes técnicos, histórico e contexto relevante.
  3. Capacidade de Raciocínio Claro e Rapidez sob Pressão e Incerteza: Esta habilidade é a capacidade de pensar de forma lógica e rápida, mesmo sob pressão ou em situações incertas, mantendo o foco nos objetivos.
  4. Capacidade de Expressão de Ideias Verbalmente: Envolve comunicar-se de maneira efetiva, clara e persuasiva, sendo capaz de expressar pensamentos e argumentos verbalmente.
  5. Habilidade para Escutar: Não é apenas ouvir o que é dito, mas compreender verdadeiramente a mensagem e as intenções por trás das palavras da outra parte.
  6. Capacidade de Julgar: A habilidade de avaliar situações, argumentos e ações de forma imparcial e tomar decisões justas com base em critérios objetivos.
  7. Integridade: Reflete o compromisso com a honestidade e a ética, criando um ambiente de confiança mútua e respeito.
  8. Capacidade de Convencimento (Persuasão): A habilidade de influenciar os outros, ganhando apoio para uma posição ou uma proposta através de argumentos lógicos e apelo emocional.
  9. Paciência: A capacidade de manter a calma e a compostura ao longo do tempo, mesmo quando o progresso é lento ou quando enfrenta resistência.
  10. Decisão: Envolve a determinação e a coragem para tomar decisões difíceis, frequentemente com informações limitadas.
  11. Autocontrole — não transparecer emoções: A habilidade de controlar as próprias emoções e reações, mantendo a objetividade e evitando que as emoções negativamente influenciem o processo de negociação.
  12. Ganhar confiança da outra parte: Construir e manter a confiança é fundamental para o sucesso das negociações, estabelecendo um clima positivo e aberto para o diálogo e cooperação.

Cada sociedade terá seu entendimento sobre as habilidades mais importantes, pois também levam em consideração suas características culturais, momento econômico, tradições e outros aspectos.

Para termos uma melhor compressão, confira quais são tidas como características principais no Brasil e nos EUA.

Tabela: Características de Negociadores Eficazes

CaracterísticasNorte-americanosBrasileiros
Capacidade de Planejamento13
Conhecimento do assunto que está negociando21
Capacidade de raciocínio claro e rapidez sob pressão e incerteza32
Capacidade de expressão de ideias verbalmente48
Habilidade para escutar54
Capacidade de julgar6
Integridade79
Capacidade de convencimento (persuasão)86
Paciência9
Decisão10
Autocontrole — não transparecer emoções105
Ganhar confiança da outra parte7

Bom, já escrevi bastante. Mas ainda há muita coisa importante. Para tanto, melhor trazer uma lista com os livros que indico para que você aprofunde seus conhecimentos sobre negociações internacionais e negociações como um todo.

Ampliando Horizontes em Negociações Internacionais: 10 Livros Fundamentais

Negociar em um contexto global exige não apenas habilidades interpessoais, mas também um entendimento das complexidades culturais, legais e econômicas que influenciam as transações internacionais. Apresentamos uma seleção refinada de obras que abrangem desde estratégias éticas até métodos práticos para lidar com impasses, incluindo dois novos títulos essenciais sobre negociações internacionais.

  1. Melhor, Não Perfeito de Max H. Bazerman – Explora estratégias éticas e eficientes para negociação, destacando a importância da bondade sustentável e da utilização inteligente dos recursos.
  2. Como Chegar ao Sim com Você Mesmo de William Ury – Incentiva a busca por acordos que beneficiem a todos, focando no autoconhecimento como chave para negociações bem-sucedidas.
  3. Negociando Com o Diabo de Robert Mnookin – Fornece orientações para dialogar com adversários difíceis, exemplificando como a persuasão pode ser decisiva em situações conflituosas. Link da Amazon.
  4. Obrigado pelo Feedback de Doug Stone e Sheila Heen – Discute a importância do feedback no crescimento e na aprendizagem em negociações, com insights de neurociência e psicologia.
  5. Bom para Você, Ótimo para Mim de Lawrence Susskind – Aborda a negociação criativa, sugerindo formas de criar valor e alcançar resultados positivos para todas as partes.
  6. O Livro das Negociações do Mundo Real de Joshua N. Weiss – Apresenta técnicas práticas e exemplos reais de negociações eficientes em diversos contextos.
  7. Líderes Reais Negociam! de Jeswald Salacuse – Aconselha líderes sobre como negociar e manter poder, essencial para quem ocupa ou almeja cargos de liderança.
  8. Negociação Internacional de por Ingrid Paola Stoeckicht, Dorval Olivio Mallman, João C. Men e Yann Duzert – Um verdadeiro guia para compreender os fundamentos, conceitos e características de uma negociação no campo internacional.
  9. Acordos Quase Impossíveis de Deepak Malhotra – Ensina como superar impasses e resolver conflitos sem recorrer a métodos coercitivos.

Cada livro oferece perspectivas únicas e conselhos práticos para aprimorar suas habilidades de negociação, permitindo que você navegue com confiança e eficácia no cenário internacional.

Curso de Negociações Internacionais

Procurei trazer um guia completo sobre o assunto, claro agora com o guia em mãos é sua vez de percorrer cada um dos assuntos e se qualificar.

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Guilherme Bueno
Guilherme Bueno
esri.net.br

Sou analista de Relações Internacionais. Escolhi Relações Internacionais como minha profissão e sou diretor da ESRI e editor da Revista Relações Exteriores. Ministro cursos, realizo consultoria e negócios internacionais. Gosto de escrever e já publiquei algumas centenas de posts e análises.

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