RI ou REL: Qual é o certo? Relações Internacionais e o reconhecimento

RI ou REL: Qual é o certo? Relações Internacionais e o reconhecimento

Você já ouviu falar em RI ou REL? Estes são os termos populares para se referir ao curso de Relações Internacionais no Brasil.

Mas, o que exatamente significa essa área de estudo? E como é chamada a profissão de quem se forma nessa área?

Hoje vamos explorar a terminologia, trazer curiosidades e esclarecer como é conhecida essa profissão na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

O Que é Relações Internacionais?

Antes, vale dizer que relações Internacionais é o campo que estuda as interações entre países, organizações internacionais e atores não estatais. 

O curso de RI ou REL prepara os alunos para entenderem a complexidade das relações entre esses atores internacionais (atores é o nome que os profissionais dão para Estados, empresas, instituições em gerais que influenciam a agenda internacional), abordando temas como política externa, comércio internacional, direito internacional, e segurança internacional.

Terminologia: RI ou REL?

No Brasil, o curso de Relações Internacionais é frequentemente chamado de RI ou REL. Ambos os termos são amplamente aceitos e utilizados tanto por estudantes quanto por profissionais da área, mas há uma curiosa distinção regional que vale a pena mencionar.

Origem da Terminologia REL

A sigla REL ganhou popularidade especialmente em Brasília. Essa preferência tem suas raízes na Universidade de Brasília (UnB), onde o Instituto de Relações Internacionais é chamado de IREL. A sigla REL acabou se difundindo entre os estudantes e professores, depois se espalhou para outras faculdades e universidades próximas, tornando-se uma terminologia bastante conhecida no Distrito Federal e em estados vizinhos.

RI ou REL - Instituto de Relações Internacionais (IREL/UNB) | Foto: reprodução UnB.br
RI ou REL – Instituto de Relações Internacionais (IREL/UNB) | Foto: reprodução UnB.br

Predominância de RI no Restante do Brasil

No país, no entanto, o RI é mais amplamente utilizado. O acrônimo RI é direto e se alinha com a forma como a maioria das universidades e instituições de ensino no Brasil, como na PUC-Rio, onde existe o IRI (Instituto de Relações Internacionais), nomeiam seus cursos de Relações Internacionais. Além disso, RI é uma sigla que se encaixa bem na terminologia padrão das profissões relacionadas, como analista de RI ou profissional de RI.

RI ou REL - Instituto de Relações Internacionais (IRI/PUC-RIO) | Foto: reprodução
RI ou REL – Instituto de Relações Internacionais (IRI/PUC-RIO) | Foto: reprodução

Adaptação e Aceitação

Ambos os termos, RI e REL, são reconhecidos e utilizados, refletindo uma aceitação ampla dentro da comunidade acadêmica e profissional. Reflete também a identidade de internacionalistas que estudaram em Brasília, sendo uma forma de marcarem sua origem acadêmica. 

Quem é o Internacionalista?

Tanto a turma do REL ou do RI são chamados de internacionalistas ou analistas de relações internacionais

Entramos em outra discussão, um grupo utiliza o termo internacionalista e outro analista, sendo ambos corretos e amplamente conhecidos. Qual você utiliza?

Internacionalista se aproxima da terminologia de outras áreas, como economistas e juristas. 

Curiosidades sobre a Profissão

  1. Variedade de Nomes: Além de internacionalista e analista de relações internacionais, o profissional de RI pode ser chamado de diplomata, gestor de projetos internacionais, ou consultor internacional, dependendo da área de atuação. O emprego desses vão depender da instituição qual trabalha, das atribuições do cargo e como é difundido no campo de trabalho em específico. 
  2. CBO – Classificação Brasileira de Ocupações: Na CBO, a profissão de Relações Internacionais é reconhecida pelo código 2541-05, descrita como “Analista de Relações Internacionais”. Isso ajuda a padronizar a nomenclatura e a função para fins trabalhistas e acadêmicos.
  3. Mercado de Trabalho: Os internacionalistas podem atuar em diversos setores, como organizações governamentais, empresas multinacionais, ONGs, organismos internacionais, e até mesmo na academia como professores e pesquisadores. Não há, entretanto, mesmo com a CBO uma ampla popularização do “analista de relações internacionais”, sendo as vagas geralmente divulgadas com outros nomes.

Qual o CBO para Profissional de Relações Internacionais?

O profissional de Relações Internacionais é reconhecido na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que organiza e padroniza as ocupações e funções no mercado de trabalho brasileiro. O código CBO para o profissional dessa área é 1423-50.

Estrutura do CBO:

  1. MEMBROS SUPERIORES DO PODER PÚBLICO, DIRIGENTES DE ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO E DE EMPRESAS, GERENTES
    1. GERENTES
    2. GERENTES DE ÁREAS DE APOIO
    3. GERENTES DE COMERCIALIZAÇÃO, MARKETING E COMUNICAÇÃO
  2. 1423-50. Profissional de Relações Internacionais

Sinônimos para o CBO 1423-50 – Profissional de Relações Internacionais

Além da terminologia principal, o CBO reconhece várias denominações alternativas para este profissional, que refletem as diversas áreas de atuação e especialização dentro do campo das Relações Internacionais. Aqui estão alguns dos sinônimos:

  • Analista de Mercado Internacional: Este profissional foca em análises e estratégias relacionadas ao mercado internacional, avaliando oportunidades e riscos para empresas que operam internacionalmente.
  • Analista de Relações Internacionais: Um título mais genérico, utilizado por profissionais que estudam, analisam e propõem políticas relacionadas a assuntos internacionais, seja em empresas, ONGs, ou instituições governamentais.
  • Gestor de Negócios Internacionais: Este título é usado por profissionais que gerenciam operações de negócios que envolvem múltiplos países, focando em expansão de mercado, negociações e parcerias internacionais.
  • Gestor de Projetos Internacionais: Refere-se aos profissionais que coordenam e administram projetos que envolvem múltiplos países, trabalhando em áreas como desenvolvimento internacional, cooperação técnica e humanitária.
  • Internacionalista: Um termo mais amplo e frequentemente utilizado que abrange todos os aspectos da profissão, desde a análise de políticas e negociações internacionais até a gestão de projetos e consultoria em negócios globais.

Importância do Reconhecimento pelo CBO

Através do esforço de internacionalistas, em movimento pela reconhecimento da profissão, se alcançou a inclusão e detalhamento do profissional de Relações Internacionais na CBO.

Essa inclusão é fundamental para a padronização e reconhecimento da profissão no mercado de trabalho, sendo possível agora os profissionais que trabalham com atividades de RI conversarem com o setor de recursos humanos para a adequação, caso queiram.

Isso facilita a identificação das competências e habilidades necessárias para cada função, além de orientar empregadores e profissionais sobre as possibilidades de atuação na área.

Reconhecimento pela CBO é diferente de regulamentação da profissão, que precisará de lei específica versando sobre o exercício da profissão. Vale destacar que a CBO lista 2.269 ocupações profissionais, catalogadas. Dessas, cerca de 60 contam com leis específicas para o seu exercício, como medicina, direito e engenharia civil. 

Percepção do Mercado de Trabalho: Desafios e Oportunidades para o Internacionalista

Embora a formação em RI ou REL seja altamente valorizada e relevante para diversas áreas, encontrar vagas diretamente intituladas como “Analista de Relações Internacionais” ou “Profissional de Relações Internacionais” pode ser um desafio no mercado de trabalho. 

Muitos empregadores ainda não têm plena consciência do valor e das competências que um profissional de RI ou REL pode oferecer. 

O que empresas percebem é uma necessidade de trabalhar com questões vindas de fora, que relacionam com assuntos para além das fronteiras do Estado onde atuam, como busca por novas tecnologias, gestão de contratos, compra de maquinários, gestão de riscos, etc.

Isso se reflete na nomenclatura das vagas, que muitas vezes não mencionam explicitamente o título de “internacionalista” ou “analista de relações internacionais”.

Necessidade de Popularizar o Termo

Para aumentar o reconhecimento e a visibilidade dos profissionais de Relações Internacionais, é crucial que tanto a comunidade acadêmica quanto os profissionais da área se esforcem para popularizar o termo. Isso pode ser feito através de:

  • Campanhas de conscientização: Promover a importância do internacionalista em eventos, conferências e nas mídias sociais.
  • Parcerias com empresas: Colaborar com empresas para mostrar o valor que um profissional de RI ou REL pode agregar em áreas como negócios internacionais, consultoria e gestão de projetos.
  • Artigos e publicações: Escrever artigos que destacam casos de sucesso e a relevância dos internacionalistas no mercado de trabalho atual.

Termos/Títulos de Vagas para Internacionalistas

Ao longo desses anos, e em contato com centenas de empresas, notamos que embora as vagas intituladas “Analista de Relações Internacionais” possam ser escassas, há uma série de termos e títulos que frequentemente aparecem em anúncios de emprego e que são adequados para profissionais de RI/REL.

Inclusive, é a lista de termos que utilizamos para mapear as vagas que são divulgadas em plataformas como indeed e infojobs.

Aqui estão alguns exemplos:

  • Internacional
  • Exterior
  • Analista de Comércio Exterior
  • Consultor Internacional
  • Especialista em Negócios Internacionais
  • Coordenador de Projetos Internacionais
  • Gerente de Exportação
  • Analista de Inteligência de Mercado
  • Gestor de Parcerias Internacionais
  • Especialista em Relações Governamentais
  • Analista Internacional
  • Programas Internacionais
  • Analista de Logística Internacional
  • Cooperação Internacional
  • Especialista Relações Internacionais

Estratégias para Encontrar Oportunidades

Para maximizar as chances de encontrar vagas relevantes, os internacionalistas podem adotar as seguintes estratégias:

  • Pesquisar termos variados: Utilizar diferentes palavras-chave nas pesquisas de vagas, como as listadas acima.
  • Rede de contatos: Participar de eventos e redes de profissionais de RI para aumentar a visibilidade e conhecer oportunidades.
  • Plataformas especializadas: Utilizar plataformas de emprego que se especializam em vagas, como Vagas.com, Indeed, Linkedin, etc.
  • Customização de currículos: Adaptar o currículo para destacar competências específicas que atendam aos requisitos das vagas pesquisadas.

Considerações – RI ou REL? Internacionalista ou Analista de RI?

Eu sou dos que utilizam RI e se apresenta como internacionalista. Cada um com sua preferência. O importante é trabalharmos pela popularização e democratização do campo.

É preciso investir na qualificação, em particular seguindo as tendências do mercado de trabalho. Formar profissional capazes de gerar e promover negócios internacionais, que entendam a importância do crescimento econômico e sustentabilidade dos negócios. 

A profissão precisa se conectar com os anseios dos nosso tempo, entender que precisa ser útil ou terá dificuldades de se sustentar, perdendo espaço para outras áreas que melhor entendam as necessidades e que sejam capazes de gerar crescimento para as instituições que atuarem. 

Popularizar o termo “Analista de Relações Internacionais” e aumentar o reconhecimento do valor dos internacionalistas são passos essenciais para melhorar a percepção do mercado de trabalho.

Enquanto isso, os profissionais de RI/REL devem estar atentos a uma variedade de títulos de vagas que correspondem às suas habilidades e formação, garantindo assim melhores oportunidades de emprego e crescimento na carreira.

O trabalho da ESRI é de formar profissionais para os desafios do mercado. Por isso, estamos sempre inovando e buscando novas áreas e oportunidades para inserção profissional, criando novos cursos, treinamentos e eventos. 

Baixe o Guia do Internacionalista. Acesse: https://internacionalista.com.br

e-Book Guia do Profissional de Relações Internacionais
Guilherme Bueno
Guilherme Bueno
esri.net.br

Sou analista de Relações Internacionais. Escolhi Relações Internacionais como minha profissão e sou diretor da ESRI e editor da Revista Relações Exteriores. Ministro cursos, realizo consultoria e negócios internacionais. Gosto de escrever e já publiquei algumas centenas de posts e análises.

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