O marxismo é uma abordagem crítica que questiona as teorias tradicionais amplamente difundidas nas Relações Internacionais. Nomeada em homenagem ao filósofo Karl Marx (1818–1883), esta perspectiva teórica é única em sua análise dos sistemas sociais e econômicos globais.
Embora Marx e seu colaborador Friedrich Engels não tenham se focado diretamente na formação de Estados ou em suas interações no sistema internacional, suas ideias sobre a Revolução Industrial e o capitalismo forneceram uma base essencial para a aplicação do marxismo em RI.
Para compreender o marxismo, é fundamental entender os elementos básicos das inovações de Marx sobre as origens e o funcionamento do capitalismo. Através do materialismo histórico, Marx propôs que as condições materiais de sobrevivência e reprodução dos seres humanos determinam suas relações sociais e com o ambiente.
Por muito tempo, o marxismo e as relações internacionais estavam em um estado de mútua negligência. A dominação dos estados capitalistas na disciplina de RI e a desconfiança em relação ao marxismo, especialmente até a década de 1970, contribuíram para a exclusão do marxismo dos currículos de cursos de relações internacionais no Ocidente. Contudo, desde a década de 1990, as abordagens marxistas começaram a ser incluídas nos currículos, proporcionando uma visão mais nuançada da política mundial.
Para compreender melhor o pensamento teórico em RI, recomento a leitura do post: Teoria das Relações Internacionais: Guia de Estudos
Marxismo nas Relações Internacionais: Crítica às Teorias Tradicionais
Robert W. Cox divide as teorias de RI em duas categorias: Teorias de Resolução de Problemas e Teorias Críticas. As teorias de resolução de problemas incluem o realismo e o liberalismo, enquanto as teorias críticas abrangem uma ampla gama de abordagens, como o marxismo, o feminismo, o pós-modernismo e o pós-colonialismo.
As teorias de resolução de problemas são predominantemente status quoístas, focando em analisar como a ordem é estabelecida e mantida no sistema internacional. Em contraste, as teorias críticas, como o marxismo, se concentram em revelar a verdadeira natureza do Estado, do sistema estatal e como eles afetam a economia mundial capitalista e vice-versa.
Principais Contribuições e Variantes
A abordagem marxista da política mundial não se limita às ideias de Karl Marx. Teóricos como Vladimir Lenin, Antonio Gramsci, Immanuel Wallerstein, Robert Cox, entre outros, contribuíram para o desenvolvimento das abordagens marxistas. O foco principal do marxismo em RI é revelar a verdadeira natureza do Estado e do Sistema Estatal, e como esses elementos afetam e são afetados pela economia mundial capitalista.
Assunções Básicas do Marxismo em RI
- Fenômeno Complexo – As relações internacionais ocorrem em uma estrutura complexa e interligada, onde mudanças em um aspecto afetam o funcionamento de outros elementos. Marxistas acreditam que a política internacional pode ser melhor entendida na totalidade do que na fragmentação.
- Principais Atores – Para o marxismo, não são os Estados ou indivíduos, mas classes, movimentos sociais e forças do mercado econômico que são os principais atores da política mundial.
- Teoria Estruturalista – O marxismo vê a política mundial como ocorrendo em um ambiente chamado sistema-mundo, onde as estruturas de poder e capital são centrais.
- Sistema Internacional Conflituoso – Ao contrário da visão anárquica dos realistas, os marxistas veem o sistema mundial como conflituoso devido aos interesses conflitantes entre as classes burguesas capitalistas e a classe proletária.
- Método de Materialismo Histórico – Os marxistas usam o materialismo histórico como método preferido para explicar e entender a política mundial contemporânea, acreditando que os principais conceitos de RI são resultados de desenvolvimentos históricos.
O marxismo oferece uma lente crítica para entender como as condições materiais e as relações de produção moldam não apenas as sociedades individuais, mas também a ordem internacional. Ele desafia as abordagens tradicionais das RI ao revelar as interconexões profundas entre economia, política e sociedade no cenário global.

Marxismo e Imperialismo
Os estudiosos e teóricos marxistas apresentaram uma análise detalhada do imperialismo, categorizada por Murray Noonan em três fases.
Primeira Fase: Os Pioneiros da Teoria do Imperialismo
Inclui escritos de John A. Hobson e V.I. Lenin. Embora Hobson não fosse marxista, ele influenciou significativamente o pensamento marxista sobre imperialismo. Em seu livro “Imperialismo: Um Estudo” (1902), Hobson definiu o imperialismo em termos de falhas do capitalismo, identificando problemas inter-relacionados: superprodução, subconsumo e poupança excessiva. Ele observou que, no sistema capitalista, uma pequena seção da sociedade, os capitalistas, controla o processo de produção, resultando em baixos salários para os trabalhadores, subconsumo e poupança excessiva. Para maximizar seus lucros, os capitalistas preferem investir seu capital excedente em outros Estados, resultando em imperialismo e guerras imperialistas.
Vladimir I. Lenin foi o primeiro pensador marxista a explicar sistematicamente a teoria marxista do imperialismo em seu livro “Imperialismo: A Fase Superior do Capitalismo” (1916). Segundo Lenin, o imperialismo começa com fatores econômicos, é mantido e expandido através de guerras e termina com a eliminação do capitalismo pela revolução proletária. Lenin rejeitou a tese de que fatores políticos e militares eram os principais motores do imperialismo, argumentando que forças econômicas dirigem o imperialismo. Ele viu o imperialismo como um fenômeno inevitavelmente gerado pelo capital monopolista e sustentou que só poderia ser terminado com o fim do capitalismo por meio da revolução proletária.
Segunda Fase: Escola Neo-Marxista Pós-Segunda Guerra Mundial
Esta fase está associada aos escritos de Paul Sweezy, Paul Baran e teóricos da dependência como Andre Gunder Frank, Samir Amin e Immanuel Wallerstein. Paul Sweezy é considerado o fundador da teoria neo-marxista do imperialismo. Ele argumentou que o propósito do imperialismo era aproximar as classes médias do grande capital e aumentar a distância entre as classes médias e a classe trabalhadora. Sweezy identificou cinco estágios no desenvolvimento do imperialismo: competição entre estados capitalistas avançados, capitalismo monopolista, exportação de capital, rivalidade extensa no mercado mundial e, finalmente, a divisão de territórios não ocupados entre os Estados capitalistas avançados.
Sweezy contribuiu para a teoria marxista do imperialismo de três maneiras:
- Relação entre Fascismo e Imperialismo – Ele encontrou uma ligação entre o surgimento do fascismo e a luta inter-imperialista, observando que o fascismo cresceu em Estados onde a estrutura capitalista estava ferida, mas não derrubada.
- Análise da Segunda Guerra Mundial – Sweezy interpretou a Segunda Guerra Mundial como três guerras culminando em uma: uma guerra de redivisão entre potências coloniais, uma guerra entre capitalismo e socialismo e uma guerra anti-imperialista na Ásia.
- Impacto do Imperialismo nas Colônias – Ele mostrou que o imperialismo traz estagnação, não desenvolvimento, nas colônias, resultando em uma industrialização muito lenta e economias estagnadas.
Terceira Fase: Análise Pós-Guerra Fria e Globalização
A publicação do livro “Empire” (2000) por Michael Hardt e Antonio Negri, juntamente com as intervenções ocidentais no Afeganistão (2001) e no Iraque (2003), trouxe um renascimento na teorização marxista do imperialismo. Hardt e Negri argumentam que, com a emergência do Império, as manifestações anteriores de impérios como os Impérios Romano e Britânico tornaram-se coisa do passado, pois o novo Império cresceu com a erosão do poder estatal. Eles postulam que a soberania assumiu uma nova forma, composta por organismos nacionais e supranacionais unidos sob uma lógica única de governo.
A tese de Hardt e Negri de que o surgimento do Império tornou o imperialismo redundante gerou um renascimento nos estudos sobre o imperialismo. Outros teóricos marxistas da era da globalização, como James Petras, David Harvey e Ellen Meiksins Wood, têm teorizado o imperialismo de maneiras diferentes, baseando-se na crítica de Hardt e Negri e nos teóricos marxistas de primeira geração do imperialismo.
Essa evolução das teorias marxistas sobre o imperialismo reflete a complexidade e as mudanças contínuas nas dinâmicas globais, destacando a importância de considerar tanto fatores econômicos quanto políticos nas análises contemporâneas.

Materialismo Histórico
O materialismo histórico é uma teoria fundamental no marxismo que afirma que as condições materiais da existência humana são a base sobre a qual se desenvolvem as relações sociais, políticas e econômicas. De acordo com Marx, essas condições materiais podem ser alteradas tanto pelas ações humanas quanto por eventos naturais, e são intrinsecamente históricas, mudando ao longo do tempo e do espaço. Essas condições são frequentemente influenciadas pelos processos e ideias que as precederam, criando uma continuidade e evolução nas formas de organização social.
As condições materiais referem-se aos meios e modos de produção, ou seja, como a sociedade produz os bens necessários para sua sobrevivência e bem-estar. No contexto do materialismo histórico, Karl Marx e Friedrich Engels argumentam que a base econômica de uma sociedade determina a sua superestrutura, que inclui aspectos como cultura, instituições políticas e sistema jurídico. Essa interdependência sugere que mudanças nas condições materiais (por exemplo, a introdução de novas tecnologias) podem levar a mudanças profundas na organização social.
Interpretação Dialética da História
Marx adota uma abordagem dialética para entender a história, influenciada pela filosofia de Georg Wilhelm Friedrich Hegel. No entanto, Marx inverte a dialética hegeliana ao colocar a matéria e a prática humana no centro de seu método. Enquanto Hegel via a evolução das ideias como o motor da história, Marx propôs que são as condições materiais que realmente impulsionam o desenvolvimento histórico. Assim, a dialética materialista vê a história como um processo de conflitos e contradições entre forças produtivas e relações de produção.
Relação Indissociável entre Política e Economia
Uma das contribuições mais significativas do materialismo histórico para as Relações Internacionais é a ideia de que a separação entre o político e o econômico, ou entre o público e o privado, é problemática. Marx argumenta que essas categorias escondem as maneiras pelas quais os Estados e suas políticas são determinados pelas relações sociais e pelas estruturas da economia global. Por exemplo, as políticas externas de um estado podem ser vistas como uma extensão das necessidades econômicas de sua classe dominante, e não como decisões autônomas de atores racionais independentes.
A Crítica à Economia Política
No contexto do materialismo histórico, a economia política é criticada por tratar as relações econômicas como naturais e imutáveis. Marx sugere que as categorias econômicas como trabalho alienado, propriedade privada e mais-valia não são eternas, mas produtos de condições históricas específicas que podem ser transformadas. O trabalho alienado, em particular, refere-se à condição em que o trabalhador é separado dos produtos de seu trabalho, que se tornam uma força externa e hostil. Essa alienação não é apenas econômica, mas também social e psicológica, afetando profundamente a vida e a identidade dos indivíduos.
Revolução e Mudança Social
O materialismo histórico não se limita a interpretar o mundo, mas visa transformá-lo. Marx e Engels defendem que a classe trabalhadora (proletariado) deve se organizar para abolir o sistema capitalista, que perpetua a exploração e a desigualdade. A revolução proletária é vista como uma necessidade histórica para superar as contradições do capitalismo e estabelecer uma sociedade comunista, onde os meios de produção são de propriedade comum e a exploração do trabalho é eliminada.
Implicações para as Relações Internacionais
Ao aplicar o materialismo histórico às Relações Internacionais, marxistas analisam como o capitalismo global cria relações de dependência e desigualdade entre Estados. Immanuel Wallerstein, por exemplo, desenvolveu a Teoria dos Sistemas-Mundo, que divide o mundo em países centrais, semiperiféricos e periféricos, mostrando como o sistema capitalista internacional perpetua a desigualdade e a exploração entre essas regiões. Esta análise critica a ideia de que a política internacional é simplesmente a interação entre Estados soberanos autônomos, destacando, em vez disso, as estruturas econômicas subjacentes que moldam essas interações.
Em suma, o materialismo histórico oferece uma lente poderosa para entender como as condições materiais e as relações de produção moldam não apenas as sociedades individuais, mas também a ordem internacional. Ele desafia as abordagens tradicionais das Relações Internacionais ao revelar as interconexões profundas entre economia, política e sociedade no cenário global.
Teorias Clássicas e Contemporâneas
As primeiras aplicações das ideias marxistas para explicar processos internacionais foram feitas por comunistas e revolucionários do início do século XX, como Rosa Luxemburg, Rudolf Hilferding e Vladimir Lenin, que desenvolveram as teorias clássicas do imperialismo. Em 1974, Immanuel Wallerstein desenvolveu a Teoria dos Sistemas Mundo para abordar as mudanças do final do século XX, destacando a interdependência e desigualdade entre os estados centrais, semiperiféricos e periféricos.
Neogramscianismo e Hegemonia
O neogramscianismo, baseado nas ideias de Antonio Gramsci, é uma atualização influente das teorias clássicas do imperialismo. Gramsci destacou a importância dos fatores ideológicos na dominação capitalista, argumentando que a hegemonia é mantida tanto por meios coercitivos quanto consensuais. Essa perspectiva ajuda a entender por que os trabalhadores educados e organizados na Europa Ocidental não se uniram para derrubar o capitalismo, como Marx e Engels previram.
Neomarxismo
Assim como o realismo e o liberalismo, o marxismo não é uma abordagem monolítica em Relações Internacionais. Sob a rubrica do neomarxismo, diversas vertentes do marxismo evoluíram ao longo do tempo. Entre as mais notáveis estão a escola da dependência, a teoria crítica e o neo-gramscianismo. Nesta seção, discutiremos essas três vertentes.
Escola da Dependência
As ideias centrais da escola da dependência estão enraizadas no marxismo e no estruturalismo. Os estudiosos marxistas utilizam o conceito de dependência para analisar a relação entre estados capitalistas desenvolvidos e estados subdesenvolvidos de baixa renda no processo de desenvolvimento. Enquanto o neoliberalismo assume que o aumento do engajamento entre os estados leva à interdependência mútua, a escola da dependência argumenta que essa cooperação acaba estabelecendo a dependência dos Estados em desenvolvimento em relação aos estados capitalistas desenvolvidos.
Raul Prebisch definiu dependência como “as relações entre centros (Estados capitalistas avançados) e a periferia (estados em desenvolvimento), nas quais um país está sujeito a decisões tomadas nos centros, não apenas em questões econômicas, mas também em questões políticas e estratégicas para políticas internas e externas”. James A. Caporaso argumentou que a dependência envolve “um conjunto complexo de relações centradas na incorporação de sociedades menos desenvolvidas e menos homogêneas nas divisões globais do trabalho”.
Theotonio Dos Santos definiu dependência como “uma situação em que a economia de certos países é condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra economia à qual a primeira está sujeita”. Segundo Santos, a interdependência se transforma em dependência “quando alguns países (os dominantes) podem expandir-se e ser autossustentáveis, enquanto outros países (os dependentes) só podem fazer isso como reflexo dessa expansão”.
As raízes da escola da dependência remontam ao final dos anos 1940. Raúl Prebisch, da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina, foi um dos primeiros a destacar como os termos de troca injustos levavam ao desenvolvimento de alguns Estados às custas do subdesenvolvimento de outros. Essa ideia foi desenvolvida por estudiosos como Celso Furtado, Osvaldo Sunkel, Theotonio Dos Santos, Andre Gunder Frank e Immanuel Wallerstein.
A escola da dependência assume que a estrutura da economia mundial está dividida em núcleo e periferia. O núcleo inclui estados avançados e ricos em capital da Europa Ocidental e América do Norte, enquanto a periferia inclui estados subdesenvolvidos da América Latina, Ásia e África. Na divisão internacional do trabalho, o núcleo controla o capital e a tecnologia avançada, enquanto a periferia fornece mão de obra barata e matérias-primas, além de servir como mercado para os produtos manufaturados no núcleo. A ausência de capital e industrialização torna a periferia dependente do núcleo para capital, tecnologia e bens manufaturados. Em última análise, o subdesenvolvimento desses estados se torna uma condição necessária para o desenvolvimento dos estados capitalistas avançados.
Immanuel Wallerstein desenvolveu ainda mais o modelo centro-periferia. Em sua análise do sistema mundial, ele descreveu três partes da estrutura da economia mundial: núcleo, periferia e semi-periferia. A semi-periferia é composta por estados em desenvolvimento da periferia ou estados em declínio do núcleo. Esses estados são menos desenvolvidos que o núcleo, mas mais desenvolvidos que a periferia, funcionando como um elo entre núcleo e periferia, exportando bens semiacabados para a periferia e importando produtos de alto valor do núcleo.
Teoria Crítica
A teoria crítica em RI busca desafiar e transformar as estruturas de poder existentes, adotando uma abordagem mais reflexiva e emancipatória. Os teóricos críticos, como Robert W. Cox e Andrew Linklater, argumentam que as teorias tradicionais de RI, como o realismo e o liberalismo, servem para perpetuar o status quo, enquanto a teoria crítica visa questionar essas estruturas e promover a mudança social.
Robert W. Cox destacou a importância de considerar fatores históricos e sociais para entender a política global. Ele argumentou que as teorias de RI devem ser históricas e contextuais, reconhecendo a influência das estruturas de poder e hegemonia na formação das relações internacionais. Andrew Linklater focou na emancipação e na transformação social, defendendo que a teoria crítica deve promover a igualdade e a justiça nas relações internacionais.
Neo-Gramscianismo
O neo-gramscianismo, influenciado pelos escritos de Antonio Gramsci, enfatiza o papel da hegemonia cultural e ideológica na manutenção das estruturas de poder. Teóricos como Robert W. Cox e Stephen Gill exploram como a hegemonia é construída e mantida através de instituições e práticas culturais que perpetuam o poder das classes dominantes.
Robert W. Cox aplicou as ideias de Gramsci para analisar as relações internacionais, argumentando que a hegemonia global é mantida por meio de uma combinação de poder material, ideológico e institucional. Stephen Gill explorou o conceito de “neoliberalismo disciplinar”, destacando como as instituições financeiras internacionais e as políticas neoliberais são usadas para manter a hegemonia dos estados capitalistas avançados.
Essas vertentes do neomarxismo oferecem uma análise crítica das estruturas de poder e das dinâmicas de dependência e hegemonia nas relações internacionais, destacando a importância de fatores econômicos, sociais e culturais na formação e manutenção dessas estruturas.

Considerações sobre o Marxismo nas Relações Internacionais
O marxismo, através do materialismo histórico, oferece uma ferramenta poderosa para entender as relações internacionais ao revelar as interações e transformações sociais e econômicas que moldam nosso mundo. Ao questionar a natureza aparentemente inevitável do capitalismo e do sistema de Estados soberanos, o marxismo nos convida a imaginar alternativas que possam redistribuir de forma mais justa a riqueza global. Portanto, o marxismo não se limita a interpretar o mundo, mas visa transformá-lo, proporcionando uma crítica contínua e vital às estruturas de poder existentes em Relações Internacionais.
Embora o marxismo seja uma abordagem relativamente nova em RI, suas suposições básicas, metodologia e abordagem dos problemas apresentam uma visão fascinante e diferenciada da política mundial. O imperialismo tem sido uma área de grande interesse para os marxistas. Marxistas anteriores vincularam a origem e o desenvolvimento do imperialismo ao avanço do capitalismo. No entanto, com base na análise do imperialismo apresentada por marxistas após Lenin, é evidente que, para uma compreensão adequada da teoria marxista do imperialismo, é necessário ir além de Hobson e Lenin, incluindo as contribuições do neomarxismo e dos teóricos marxistas da era da globalização.
Inspiradas pelo marxismo, três variantes do neomarxismo têm aprimorado significativamente nossa compreensão da política mundial. A teoria da dependência explica como os termos de troca desiguais entre estados desenvolvidos e recém-independentes levam à exploração dos estados pós-coloniais pelos estados capitalistas desenvolvidos. A abordagem neogramsciana demonstrou brilhantemente como os estados poderosos estabelecem e mantêm sua hegemonia e sugeriu maneiras de acabar com isso. Indo além, a teoria crítica sublinhou a necessidade e o caminho para acabar com a exploração humana e realizar a emancipação.
Essas variantes neomarxistas, ao expandirem e aprofundarem a análise marxista, nos fornecem ferramentas teóricas valiosas para criticar e transformar as estruturas de poder e dominação no sistema internacional, mantendo viva a aspiração marxista de uma sociedade mais justa e equitativa.
Livros e Artigos
- Cox, R. W. (1981). Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory. Millennium: Journal of International Studies, 10(2), 126-155.
- Dos Santos, T. (1970). The Structure of Dependence. American Economic Review, 60(2), 231-236.
- Frank, A. G. (1967). Capitalism and Underdevelopment in Latin America: Historical Studies of Chile and Brazil. Monthly Review Press.
- Habermas, J. (1984). The Theory of Communicative Action: Reason and the Rationalization of Society. Beacon Press.
- Hardt, M., & Negri, A. (2000). Empire. Harvard University Press.
- Hobson, J. A. (1902). Imperialism: A Study. James Nisbet & Co.
- Horkheimer, M. (1972). Critical Theory: Selected Essays. Continuum.
- Lenin, V. I. (1916). Imperialism: The Highest Stage of Capitalism. Foreign Languages Publishing House.
- Linklater, A. (1990). Men and Citizens in the Theory of International Relations. Macmillan.
- Linklater, A. (2007). Critical Theory and World Politics: Citizenship, Sovereignty and Humanity. Routledge.
- Prebisch, R. (1950). The Economic Development of Latin America and Its Principal Problems. United Nations.
- Sweezy, P. M. (1970). The Theory of Capitalist Development. Monthly Review Press.
- Wallerstein, I. (1974). The Modern World-System I: Capitalist Agriculture and the Origins of the European World-Economy in the Sixteenth Century. Academic Press.
Ensaios e Trabalhos:
- Chandra, V. (2020). Theories and approaches to International Relations. In Political Science, Kashi Naresh Govt. Post-Graduate College.
- Horkheimer, M. (1937). Traditional and Critical Theory. In Critical Theory: Selected Essays. Continuum.
- Roach, S. (2020). Critical Theory. In Encyclopedia of Political Theory. Sage Publications.
- Wolin, R. (2020). The Frankfurt School Revisited. The New Republic.
Capítulos e Seções de Livros:
- Cox, R. W. (2008). Historical Materialism and International Relations. In S. Hobden & R. W. Jones (Eds.), Marxism and World Politics: Contesting Global Capitalism (pp. 50-65). Routledge.
- Noonan, M. (2017). Marxist Theories of Imperialism. In Theories of Imperialism. Oxford University Press.
- Santos, T. (1999). Theotonio Dos Santos: A Critical Introduction. In Namkoong, G. (Ed.), Dependency Theory: Concepts and Critique. Monthly Review Press.
Notas de Aula e Material Didático:
- Chandra, V. (2020). Theories and approaches to International Relations. Notas de Aula, Dept. of Political Science, Kashi Naresh Govt. Post-Graduate College.
Outros Autores e Contribuições:
- Andre Gunder Frank, Samir Amin, Immanuel Wallerstein, Ellen Meiksins Wood, Leo Panitch, James Petras, Humphrey McQueen, Henery Veltmeyer, John Smith, Tobias ten-Brink, David Harvey, Mark Rupert, Andrew Linklater, Stephen Gill, Justin Rosenberg.